Chegando nos EUA
Primeiras impressões!
Essa caipora, bichona do mato, saiu de Santa Bárbara d’Oeste, dia 1 de Abril de 2013
Fui parar em New York City (insira sotaque debochado!). Primeiro, no voo eu estava passando mal de tanta ansiedade, eu não conhecia nenhuma Au Pair e era a mais velha do grupo com o pior inglês de todas. E sim, eu me comparava muito. Foram as 10 horas de viagem mais longas da minha vida. Mas, Nova Iorque estava tão iluminada quando eu cheguei, que me senti uma criança em dia de natal, pequena e cheia de emoções.
Passei muito frio
No hotel as Au Pairs eram separadas por regiões, assim poderíamos fazer amizades e seguir nossos caminhos criando vínculos umas com as outras. Pois bem, essa interiorana que vos escreve está acostumada com calor, e fui dividir o quarto com duas europeias, uma Italiana e outra Alemã.
Passei frio? Não! Eu passei foi muito frio.
Esse povo europeu foram criados diferente da gente. Eu nem banho sabia tomar no primeiro dia, porque não sabia ligar o chuveiro. E pra piorar o negócio ainda vinha com banheira que não tinha uma pino para colocar no ralo, era a própria banheira que controlava a água. Mas, de novo, eu nada sabia. E daí? E daí que eu estava morrendo de frio, em um quarto gelado e não consegui tomar banho na noite que eu cheguei!
Chegando em New York
Chegando ao aeroporto de Nova Iorque as Au Pairs se reuniram e nos dividimos em grupos para passarmos pela imigração e sermos levadas de van para o DoubleTree Hotel, onde receberíamos um treinamento pelos próximos dias.
Me lembro da sensação de estar fora da minha zona de conforto, de ser pequena. Eu não entendia absolutamente nada do que estavam me dizendo. Não sabia dizer qual era meu nome, não entendia as placas do lugar.
Eu só queria me esconder e chorar de nervoso. Fui uma das meninas que não tinham celular, que não trouxeram absolutamente nada tecnológico, ainda bem que no hotel existia uma salinha de computador (lan house para os velhos haha), e pude avisar a senhora minha mãe de que eu estava bem!
Quase morri dormindo na caminha do meio
CremdespaiSem muita coberta e sem banho!!!! 😫
Que frio é esse?
Comunicação
Eu escrevo essa parte com os olhinhos cheios de lágrimas, confesso que hoje eu sei o quão irresponsável eu fui vindo pra cá para cuidar de crianças sem saber o mínimo do idioma.
Mas tenho que dizer que ter aprendido essa abençoada língua é um dos meus maiores orgulhos. Me lembro como se fosse ontem, eu acordei no Hotel e tive que me apresentar para aquelas meninas, quando uma delas me perguntou se eu tinha dormido bem eu disse que não. Mas pela minha falta de vocabulário eu não conseguia explicar pra ela exatamente o porquê, então só disse um “no” seco.
Ela tentou conversar, perguntando “why?” – por que? E eu tentei falar com as mãos, mas não rolou e decidimos parar de forçar. Senti a mesma dificuldade com a família. Meu Pai! Quantos foras tentando se comunicar com ele. Um fato que eles não esquecem até hoje, foi o dia em que eu falei pra mãe que o C-U da menina estava vermelho. Ela me fez repetir várias vezes, ligou para o pai, chorou de rir com a mãe dela, e até hoje quando conversamos ela fala, “Deise, lembra daquela vez…” como que eu vou esquecer que eu usei a palavra C-U pra dizer que a menina estava com assaduras, coitada? Enfim, essa parte foi difícil.
Chorei
Chorei, mas chorei, chorei tanto que nem sei o quanto, chorei quando minha mãe disse em uma das nossas ligações pra eu voltar, que estava tudo bem, que pelo menos eu tentei.
Depois desse dia eu tentei mais, insisti mais, estudei mais, e acima de tudo, arrisquei mais. Mesmo não sabendo conjugar os verbos corretamente, eu falava tudo que vinha em minha cabeça. Eu pedi pra minha host mom (mãe hospedeira), pra me ajudar a estudar, fui para a escola e a família encontrou uma igreja presbiteriana que oferecia cursos de inglês de graça.
Então comecei um intensivão de inglês. As minhas dores e inseguranças eram relacionadas em não saber me comunicar, achava que fosse a pessoa mais ignorante da face da terra. Porém, conforme fui aprendendo, esse sentimento foi acabando, até que a tristeza um dia se foi e eu parei de me sentir tão insegura.
English
Confesso que comecei a aprender inglês e fiquei toda saidinha haha. Quando fiz seis meses de USA decidi que precisava de um namorado, por razões óbvias, precisava melhorar minha pronúncia e aprender com eles como eu deveria me comunicar.
Daí, entrei em vários aplicativos de dating e em menos tempo do que eu imaginava lá estava eu, toda de namoradinho novo hahah. E isso me beneficiou muito. Até hoje eu sou grata por ter tido essa experiência. Nós não estamos mais juntos, mas eu tenho carinho e muita gratidão pelos ensinamentos que tive com essa pessoa.
Adaptação
Por mais difícil que tenha sido minha adaptação aqui, tenho que dizer que tive muita sorte. Minhas primeiras amigas de Bethesda, Maryland, eram latinas e fizeram toda a diferença na minha vida.
Estávamos confortáveis com o nosso Portunhol e tudo fluía muito bem. Como disse anteriormente, chegando aqui eu não tinha telefone e também não comprei um “bom” logo de cara. Eu tive um celular que era pre-recarregável que eu comprei na farmácia e que não me dava acesso a internet, somente chamadas e mensagens.
Em Julho, eu finalmente juntei dinheiro e comprei um celular e um relógio (sabe lá Dio pra que do relógio haha). Mas, depois de algum tempo conheci algumas brasileiras que me apresentaram restaurantes (comida de novo sendo muito importante haha), bares, pessoas, e tudo ficou mais leve.
O importante é achar a sua tribo. E como uma pessoa de boas relações humanas eu sempre mantive contato com minhas queridas latinas e somos amigas até hoje. <3 Sem elas acho que eu não estaria aqui!